Apesar de todas as dificuldades de morar em outro país, por que eu continuo insistindo (e com gosto!) nessa experiência?
Depois de pouco mais de 6 meses morando em Munique, resolvi enumerar as coisas que eu mais gosto, entre tantas, aqui da Alemanha. São aspectos que me fazem sentir em casa e me motivam a continuar me esforçando para me integrar por aqui.
1. Quase um paraíso para os vegetarianos
É verdade que a comida típica da Baviera é à base de carnes (além de bem gordurosa), mas, ainda assim, é muito fácil encontrar opções para vegetarianos. Seja cozinhando em casa ou comendo fora, é possível experimentar muita coisa diferente, já que existe muita variedade.
Além disso, as carnes são caras aqui, ou seja, normalmente gastamos menos! Isso fica evidente quando se olha os preços dos pratos em um restaurante! Ainda, uma das maiores vantagens aqui é que a maioria dos lugares identifica quais pratos são veganos e quais são vegetarianos, da mesma forma que nos mercados, normalmente esses produtos ficam em uma área específica. Poupa o esforço de procurar e confirmar se é ou não sem carne!
2. Como os dias de verão são bem aproveitados!
Como o inverno aqui dura muito tempo, além de ser muito frio e sem sol, os meses de verão são super bem desfrutados! O povo vai fazer esporte no parque, piquenique na beira do rio Isar e pede o almoço no restaurante “para levar” para comer na praça aproveitando o sol. Isso acontece, inclusive, durante a semana, quando depois da 17h o parque e o Isar ficam cheios de gente aproveitando os poucos dias de calor do ano.
Por enquanto só posso falar sobre como eles aproveitam os meses mais quentes, mas já morro de curiosidade para ver como eles se divertem no inverno, se eles saem muito ou se ficam tranquilos no quentinho do sofá de casa.
3. Sistema de transporte público
A cobertura do sistema de transporte na região de Munique é enorme! Se você não consegue chegar no seu destino de trem ou metrô, consegue de tram (bonde elétrico). Se com o tram não chega, chega de ônibus. Eu já andava de transporte público no Brasil, mas aqui eu sinto que caminho muito menos quando quero chegar em algum lugar, além de levar menos tempo.
Além de tudo, são limpos e espaçosos, apesar de, assim como no Brasil, encherem nos horários de pico. Também considero o sistema muito mais simples de usar, por exemplo: cada ponto tem um nome, são disponibilizados mapas em vários lugares e ainda tem televisores para auxiliar sobre os horários e para saber em qual estação ou ponto se está passando.
Europeus de outros países costumam dizer que o ticket de transporte público aqui de Munique é caro, mas deve ser porque eles nunca estiveram em Joinville. Aqui paga-se um valor pela área onde você precisa se locomover durante o mês, e você pode andar ILIMITADAS vezes durante esse período, em qualquer meio de transporte público, ou seja, metrô, trem, tram e ônibus. E se você ainda fizer o passe anual, paga por 10 meses, em vez de 12.
4. Menos machismo
Um dos primeiros choques culturais que tive quando cheguei aqui foi sobre a quantidade de homens sozinhos com bebês e crianças. É muito comum ver pais e avôs sozinhos com as crianças passeando no parque, brincando nos parquinhos, levando para a escola, enfim, de cara eu estranhei e me surpreendi! Adoro ver como aqui as tarefas domésticas parecem ser mais bem divididas entre o casal.
Outro aspecto que eu admiro muito na cultura daqui é o fato de as mulheres terem filhos mais velhas. Aqui, praticamente todas as mulheres grávidas ou com filhos, aparentam ter, pelo menos, mais de 35 anos (ao menos as alemãs). Já ouvi muitos brasileiros falando como isso é ruim, mas só acho maravilhoso! A pressão para a mulher ter filhos é menor, já que as pessoas entendem que a gente também pode querer focar na vida profissional antes de aumentar a família.
E, claro, o fato de eu não ouvir nenhuma cantada ou assobio na rua há mais seis meses me faz sentir muito mais segura fora de casa. O que nos leva ao próximo ponto:
5. Segurança
Esse é um ponto bem ambíguo, já que é um dos porquês gosto daqui, mas com certeza também é uma das coisas que eu não gosto (explico isso em outro momento).
No lado positivo está a tranquilidade de andar na rua, sem ter tanto medo de que alguém vai passar correndo e pegar seu celular enquanto você manda uma mensagem para os seus amigos, ou perceber que sua carteira sumiu da mochila depois que você desceu do ônibus.
Para mim, é até bem estranho como eles são tranquilos demais, nesse tempo que estou aqui já encontrei um celular no metrô e um cartão de banco na máquina de comprar a passagem. Também é comum ver as pessoas desligadas com a mochila um tanto aberta andando na rua e com ela nas costas no metrô lotado. Eu ainda tomo cuidado com tudo isso e não me acostumei com essa tranquilidade.
6. Custo de vida
Fora o aluguel, que aqui em Munique é bem caro, todas as outras coisas estão saindo mais baratas do que quando morávamos no Brasil: mercado, comer fora, transporte, viagenzinhas de final de semana, e até mesmo, comprar móveis e eletrônicos.
É verdade que aqui se paga muito imposto também, mas é muito bom ver que o dinheiro que sobra rende bastante!
7. Facilidade para viajar para outros países
É certo que no Brasil também é incrível viajar, nosso território é gigante e cheio de diversidade, seja natural, cultural, religiosa ou gastronômica. Aqui, além da variedade cultural, você, de fato, ultrapassa fronteiras, e, muitas vezes, até o idioma muda. É como se cada estado do Brasil fosse um país diferente e falasse um idioma diferente.
Além da proximidade, existem meios muito econômicos de se locomover, como as companhias aéreas low-cost, passes regionais nos trens e ônibus super baratos. O fato de poder viajar para outros países por €10 ida e volta, como podemos fazer para ir à Áustria aqui de Munique, é indescritível de bom!
8. Fácil acesso à cultura (às artes, história, ciências)
Entre cinemas, teatros, óperas, shows, museus, apresentações de orquestras e de balés não dá para reclamar que aqui não tem o que fazer. Claro que esses programas podem não ser baratos. Se você, por exemplo, for ao show da Shakira custará no mínimo €70 ou assistir a uma orquestra tocando as músicas de Harry Potter e a Pedra Filosofal (quero!…) a partir de €65 (…mas não vou!).
Acontece que também dá para pegar matinê no cinema e pagar mais barato, visitar museus públicos aos domingos pelo valor de €1 ou assistir a clássica ópera La Nozze de Figaro de Mozart na Ópera do Estado da Baviera por €11.
Sem falar na diversidade! Munique tem aproximadamente 76 museus, entre públicos e privados, 29 cinemas e 12 teatros públicos (desisti de contar os privados)! Além da quantidade, a estrutura, o acervo e a organização dos museus também é impressionante!
Ao mesmo tempo que me alegra estar aqui tendo oportunidade de aprender e conhecer tanta coisa, também me entristece pelo fato de o Brasil ter uma história e uma cultura muito rica, desde os índios até a influência de outras culturas, como a africana e européia, por exemplo, e, muitas vezes, perder a oportunidade de compartilhar e incentivar essa curiosidade pela nossa história, tanto para os estrangeiros, quanto para os próprios brasileiros.
9. Aprender um novo idioma
A experiência de estar aprendendo o alemão de uma forma tão imersiva está sendo uma das coisas mais difíceis e mais gostosas dessa mudança. É muito curioso como a cultura de um povo reflete no idioma!
E claro, é muito bom ver a minha evolução de chegar aqui sabendo só falar oi e obrigada e depois de apenas seis meses conseguir entender muita coisa, fazer compras, resolver os problemas de casa e ir ao médico, por exemplo. E tudo isso, muitas vezes, vencendo o meu medo de me expor e de errar, o que torna cada conquista ainda mais significativa.
10. Conhecer pessoas e culturas de vários lugares
Além de conhecer e vivenciar a própria cultura alemã, em Munique se encontram pessoas de muitas partes do mundo. Fazer um curso de alemão na Alemanha, obviamente, me faz ter contato quase que unicamente com estrangeiros. E poder me relacionar com pessoas de países tão distantes, com culturas tão diferentes, é uma das coisas que mais amo na vida! É perceber que apesar de termos origens muito distintas, somos todos muito parecidos!
Todo lugar tem suas características próprias, com os seus pontos positivos e negativos, o que faz com que cada um seja único! Essas são algumas das coisas que eu mais gosto daqui, e vocês, o que consideram bom no lugar onde moram? Existem também muitas coisas que estranho aqui e acredito serem muito melhores no Brasil, mas isso é história para outro texto…
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