Foi pensando na minha adaptação e em me sentir feliz aqui na Alemanha que, ainda no Brasil, fiz alguns planos para que a mudança fosse o mais agradável possível e para que eu não sentisse tanta saudade de casa ou vontade de voltar.
Logo de cara, muitos desses planos caíram por terra e com o tempo fui me adaptando e criando novos meios de me fazer sentir em casa aqui. E é por causa desse sentimento, de eu me sentir bem aqui, é que resolvi compartilhar o que me ajuda, para quem sabe ajudar outras pessoas e, por que não, criar coragem em quem está indeciso se muda ou não de país.
1 – Não precisa ser definitivo
Para mim o passo mais importante foi retirar a pressão que a gente cria, de que a mudança PRECISA DAR CERTO! Tenha em mente que nada é para sempre e se não der certo nada te impede de voltar depois de ter vivido uma experiência incrível em outras terras. Eu percebo que esse medo, de que talvez a fase de adaptação não seja superada e de que a decisão de voltar para o Brasil precise ser tomada, impede muita gente de pelo menos tentar morar fora, mesmo isso sendo um grande sonho!
Vejam bem, não estou dizendo para “mudar na louca, porque a vida é curta”! Meu conselho é pesquisar sobre os processos, sobre o país, sobre a cultura, enfim, sobre o máximo de coisas que você puder! Se planejar com bastante antecedência, principalmente financeiramente! E, inclusive, pensar e planejar o Plano B: caso realmente acabe não sendo duradoura, essa experiência vai te ajudar se você decidir voltar ao Brasil? Pergunte-se e reflita sobre o que você pode fazer fora que vai fazer com que essa vivência seja proveitosa de volta no Brasil. Aprender um novo idioma? Trabalho voluntário? Uma experiência profissional que você só poderia ter nesse lugar?
O que eu quero dizer nesse tópico é que: se depois de toda a pesquisa e planejamento você ainda deseja morar fora, não deixe que o medo de não dar certo te impeça! Até porque, você já vai ter se planejado para que, mesmo que temporária, a experiência seja valiosa! E se você mora fora, sente que tentou como podia se adaptar, mas não consegue se sentir bem, saiba que não precisa viver infeliz em um lugar que não gosta para sempre.
2 – Descubra como se virar sozinho!
Tem um péssimo senso de direção? Não fala o idioma local? Nem inglês? Se perde mesmo na sua cidade natal no Brasil?

Nenhum desses motivos (ou todos juntos) é suficiente para justificar que você não saia de casa por medo ou por não saber como se virar. Compre um celular com internet para você poder acessar o Google Maps de onde estiver, tenha seu endereço anotado em algum lugar sempre à mão (offline no celular ou na carteira) e o telefone de alguém que você conhece na cidade onde você está (do seu companheiro (a), de um amigo, do hotel, do zelador do seu prédio).
Pegue mapas do metrô, baixe aplicativos, entenda como funciona o sistema de tranporte, pesquise na internet (tenho um post sobre o de Munique aqui), peça para alguém te explicar, se arrisque um pouco, se perca, se encontre.
No começo é normal se perder ou ficar com a impressão de que está no trem errado indo pro sentido errado. Mantenha a calma que uma hora vai. É errando que se aprende, não é o que dizem?
3 – Envolva-se com compromissos fora de casa!
É muito importante que você tenha alguma coisa para cumprir fora de casa, porque dessa forma você sai, vê outras pessoas, conversa, vive um pouco do lugar que você está vivendo.
Se você ainda não sabe o idioma do país que você mora, faça um curso de idiomas. Se você já sabe, inscreva-se em algum outro curso ou participe de grupos de conversação, clubes de leitura, faça algum esporte. Se você já sabe inglês ou o idioma local, também é bem provável que consiga arranjar um trabalho voluntário ou, até mesmo, um emprego pago.
Além disso, você ter atividades, estudar ou trabalhar vão te permitir conhecer novas pessoas, fazer colegas e amigos.
4 – Crie uma rotina
Tentar pensar em como era a minha rotina no Brasil e integrar ao meu dia-a-dia daqui coisas que eu fazia lá também é uma das coisas que me ajudou bastante. Por exemplo, no Brasil, eu preparava minhas refeições no final de semana, congelava, e durante a semana à noite deixava a marmita pronta para o outro dia. Aqui procuro fazer o mesmo, assim o marido tem comida para levar para o trabalho e eu tenho almoço pronto assim que chego da aula de alemão. Um exemplo mais simples é se inscrever na academia ou procurar um lugar onde você pode praticar o esporte que praticava lá, como vôlei, yoga, dança, muay thai, etc.
Já que a intenção é ficar, meus objetivos são sempre conseguir fazer aqui, pelo menos, o que eu gostava de fazer no Brasil. Pensando assim, citando o meu exemplo, ainda pretendo integrar à minha vida cotidiana aqui: ter um bom emprego, sair frequentemente com os amigos, fazer pequenas viagens de final de semana e viagens maiores de férias.
Criando uma rotina, você se vê produtivo mesmo em outro país, apesar de todas as dificuldades culturais, de idioma e de solidão. Isso não tem preço!
5 – Conheça lugares novos
Acredito que esse seja um conselho que eu nem precisaria falar, né? Mas como, para mim, é uma das coisas que mais me anima de estar em um país diferente, vou reforçar assim mesmo.
Ter a oportunidade de estar em outro país te abre um leque gigante de possibilidades de explorar! Sendo um pouquinho curioso e observador você pode descobrir muito sobre a história e a cultura do lugar só saindo de casa! Conheça parques, museus, cidades e países próximos (e outros nem tão próximos assim). Aproveite e vá a grandes shows, concertos, óperas e teatros, aos quais não temos tanto acesso no Brasil, principalmente quem não mora em cidades grandes.
6 – Faça e aceite convites
Pode parecer simples, mas esse é o tópico mais difícil para mim. Como não vim sozinha, vim com o marido, o fluxo natural das coisas é a gente se acomodar com quem a gente já conhece e viver num mundinho só de nós dois. Mas não acredito que isso faça bem nem para mim e nem para o casal. O ideal é termos nossa individualidade, outros amigos e fazermos, sozinhos ou juntos, atividades com outras pessoas.
Claro que no começo é difícil ter outras pessoas, já que todo mundo é estranho, mas é importante trabalhar para que isso algum dia venha a mudar! Conheceu alguém que a conversa rolou legal no curso de alemão? Convide para um café. Acha que a turma do curso ou do trabalho se dá bem? Sugira irem jantar em algum lugar algum dia!
Já aviso, porque também acontece comigo: na maioria das vezes você vai ouvir não’s, mas são dos sim’s que podem sair encontros legais ou o início de uma amizade. Ah! E se esforce para aceitar os convites feitos para você também. Não adianta reclamar que não fez amigos, se quando chamam para um cafézinho você decide ficar em casa vendo Netflix, não é mesmo?
7 – Não force a barra
Se conhecer e saber respeitar os seus limites também vale, e muito! Você saiu com alguém e não se sentiu tão bem, tão confortável? Sim, dá para dar outra chance, mas pode ser também que você e essa pessoa simplesmente não tenham muitos interesses em comum, não sirvam para serem amigos.
Está sentindo que as aulas de alemão estão muito rápidas, você não está conseguindo acompanhar a turma, não está conseguindo absorver o idioma e, muito menos utilizar no dia a dia? Não é problema nenhum refazer o curso ou escolher um curso um pouco mais leve para conseguir tirar o máximo proveito.
A situação toda de morar em outro país já é desconfortável o suficiente para você ainda se cobrar muito ou se comparar a outras pessoas e se sentir mal, porque o outro parece estar evoluindo mais rápido. Cada um é cada um, às vezes para você é muito fácil aprender idiomas e super difícil de fazer amigos, enquanto para o outro é o contrário.
Isso sem falar que cada pessoa veio parar aqui por um motivo diferente, veio com intenções diferentes, com vistos diferentes, então assim, precisamos mais é saber de nós mesmos, né não?
8 – Mantenha contato com a sua família e amigos no Brasil
Meu último conselho é: ninguém consegue lidar com os problemas da vida sozinho. Não é porque você está em outro continente que sua família e seus amigos vão esquecer de você ou vice-versa. A internet está aí para facilitar todo esse processo. Encha seus amigos de longos áudios no whatsapp, continue se interessando pela vida deles, faça vídeo chamadas com a família regularmente, e mostre que todos eles vão continuar sendo obrigados a te aturar! Hahaha ❤
Tenha certeza de que sua família e seus amigos de verdade vão continuar te amando, se preocupando com você e dispostos a te ajudar onde quer que você esteja!
Esses conselhos parecem simples, mas quando mudamos acabamos seguindo um fluxo de acontecimentos que às vezes nos faz acomodar e terminamos por não nos esforçarmos o quanto gostaríamos para fazer dar certo. Desejo que todos que tenham essa vontade, sintam que realmente estão se esforçando para se sentir inseridos no novo país.
E aí, quem tem mais dicas?
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