Gravidez na Alemanha – checklist ANTES de engravidar

Chegou aquele momento para mim, um dos acontecimentos mais importantes na vida de uma pessoa: gerar e criar um nova pessoinha. A maternidade nunca foi um grande sonho, então essa foi uma decisão muito bem pensada, incluindo as nuances de realizar isso em um outro país, somente eu e meu parceiro, sem a família por perto.

Eu pretendo compartilhar aqui alguns aprendizados dessa experiência de gravidez na Alemanha e quero começar com alguns pontos que considerei ANTES de engravidar. Sendo uma pessoa ansiosa, considerei milhares de pontos e situações, mas vou trazer aqui apenas três coisas para você refletir, considerando que você mora fora e não geral sobre ter filhos ou não. Isso aí é com você(s) 😉

1. Procurar e escolher seu médico/sua médica

Ao chegar na Alemanha, provavelmente os primeiros médicos que você procurou foram limitados por um idioma que você conseguisse se comunicar durante a consulta, já que a maioria de nós ainda não fala alemão suficiente nesse ponto. Meu primeiro ginecologista na Alemanha falava português, mas logo percebi que poderia encontrar outro mais alinhado ao que eu queria e em um ano morando aqui, conseguiria procurar outro profissional sem o limite do idioma.

Comecei a marcar diferentes profissionais, por recomendação de amigos e conhecidos ou ginecologistas próximos de casa. Nas consultas, mesmo ainda indecisa, já expressava uma possível gravidez nos próximos anos e fazia perguntas para entender se estávamos alinhados. Para uma médica, por exemplo, perguntei sobre como funcionava a escolha entre um parto natural e uma cesárea. A médica reagiu mal, foi seca na resposta e eu percebi que ela não aceitaria facilmente minhas escolhas.

Então meu primeiro conselho é pensar se você se sentiria confortável visitando seu ginecologista durante a gravidez ou se você acha que precisa visitar alguns outros para escolher. Mesmo com as consultas relâmpago aqui da Alemanha, de duração de 15 minutos, expresse sua vontade de engravidar em breve e faça algumas perguntas sobre o que pode estar te preocupando sobre o processo: como serão as consultas, exames, ultrassons, parto, etc.

Também é importante considerar que, na esmagadora maioria dos casos, sua ginecologista obstetra não estará no seu parto. Quem faz os partos é a equipe do hospital que você escolher… mas isso já é outra história.

2. Planejamento financeiro

Considero essa etapa ainda mais importante para nós, que moramos fora. Com a família morando longe e nem todos nós temos familiares em condições de ajudar financeiramente em caso de necessidade, principalmente quando eles ganham em real e nós precisaríamos de euros.

Além de ter uma reserva, sugiro dar uma olhada em como funcionam os custos de uma criança na Alemanha, além da remuneração durante o período de licença (Mutterschutz e Elternzeit).

Principalmente, o Elternzeit é toda uma loooooonga história a parte e pode ser feito de diversas formas, o que o torna muito difícil de entender. Ele pode durar até 3 anos, ser dividido entre o pai e mãe, pode ser uma pausa completa no trabalho ou pode-se trabalhar meio período. 

Mas para entender quanto e como a sua remuneração será, use a calculadora online. Lá você responde algumas perguntas sobre como você quer fazer e no final você tem os valores que vai receber mensalmente.

Além disso, em toda a Alemanha você recebe também o Kindergeld: um auxílio desde o nascimento até os 18 anos da sua criança. Na Baviera, há também o Bayerngeld entre o 13o. e o 36o. mês do bebê.

Considere todos os auxílios e fatores para fazer seu planejamento.

Se você precisa passar por procedimentos de fertilidade, esse também é um fator que precisa ser considerado no seu planejamento.

3. Buscar entender sobre diferenças culturais entre Brasil e Alemanha, no que se refere à gestação e maternidade

Pode ser óbvio para muita gente, mas tendemos a comparar os processos no Brasil e na Alemanha, simplesmente por estarmos acostumados com as coisas do jeito que elas são feitas no lugar de onde viemos, do jeito que vimos serem feitas durante nossa vida toda.

Eu ouvi muita coisa sobre como as coisas são aqui na Alemanha, principalmente sobre o parto, que me aterroriza desde sempre.

Comecei a falar com amigas no Brasil sobre as experiências delas também, comecei a entender algumas diferenças sobre como os dois países tratam o parto diferentemente e por que o fazem. Por exemplo, aqui na Alemanha o foco é o parto natural. Isso não quer dizer que você é obrigada a ter um parto normal se não quiser. No Brasil, por diversos motivos, 55% dos partos são cesárea (84% no sistema privado!). Na Alemanha, a taxa fica em cerca de 31%.

A própria questão dos partos serem acompanhados por uma equipe de hebammes, profissional que é um mix entre enfermeiras obstétricas e doulas), em vez de médicos como no Brasil. Os médicos aqui somente acompanham em partos de risco ou são chamados quando preciso. 

Normalmente, eu sou uma pessoa mente aberta, mas confesso que o medo e a ansiedade me fizeram ter medo de uma gravidez e um parto na Alemanha por muito tempo. Isso começou a mudar já durante a gravidez. Minha tranquilidade veio quando me permiti aprender mais sobre a gravidez, sobre o parto e me abri para como as coisas funcionam diferentes aqui e isso não é necessariamente pior. Em muitos aspectos é, inclusive, muito melhor! 

É importante sempre lembrar que nem no Brasil, nem na Alemanha, as coisas serão perfeitas. Se você está sofrendo com essas diferenças, desejo que você consiga encontrar tranquilidade ao compreender os processos, os fatos, as experiências, os pontos fracos e fortes de cada país.

A maternidade em si, também é muito diferente nos dois países. A divisão de tarefas, a educação das crianças, enfim, é muito interessante conhecer como isso tudo funciona no país que você está morando.

Como falei, essa lista minimalista tem os itens que achei que a reflexão me fez muito bem. Se vocês já estão grávidos e não fizeram algo da lista, é muito okay começar agora, ainda não é tarde. Como eu citei, até eu mesma estou em processo com o terceiro item da lista ainda durante a gestação.

Eu espero ter ajudado de alguma forma e desejo uma boa fase como tentante e como grávida na Alemanha!

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